Pouco antes de morrer, em 2000, Baden confessava que não tocava mais o repertório de Os Afro-sambas. O violonista havia virado evangélico e dizia que alguns dos temas falavam do demônio, de coisas ruins e que por isso haviam sido esquecidos.
Vinícius estava encantando com o LP Sambas de Roda e Candomblés da Bahia, que havia recebido de presente de Carlos Coqueijo Costa. Baden também ficou impressionado com o disco e, por influência do capoeirista Canjiquinha, começara a freqüentar rodas de capoeiras e ia à terreiros e aprendia mais sobre o candomblé. A idéia de fazer um disco sobre o tema fascinou os dois.
Os dois começaram a escrever canções inspirados no tema: "Bocoché", "Canto de Xangô", "Canto de Iemanjá", "Canto do caboclo Pedra Preta" e o clássico "Canto de Ossanha", que faria sucesso anos depois navoz de Elis Regina. Baden, por sua voz, estava estudando cantos gregorianos com o maestro Moacyr Santos e percebeu que os cânticos afros tinham semelhanças e resolve produzir melodias que em cima das duas vertentes.
O projeto ficou engavetado e só viu a luz do dia, quatro anos depois, em 1966. Foi quando Vinícius ofereceu o projeto à Roberto Quartin, dono do selo Forma, que produzia discos extremamente sofisticado. Quartin topou de imediato a idéia de lançar Os Afro-sambas.
Gravado entre os dias 3 e 6 de janeiro, Quartin convidou o maestro Guerra Peixe, o grupo vocal Quarteto em Cy e um coral de "músicos amadores" formado por Nelita e Teresa Drummond, Eliana Sabino (filha do escritor Fernando Sabino), Otto Gonçalves Filho e César Proença e uma jovem aspirante a atriz chamada Betty Faria. E é Betty Faria que divide os vocais com Vinícius na imortal "Canto de Ossanha" que abre o disco.
Guerra Peixe optou por dar o disco uma sonoridade mais rústica, como se estivesse sendo, de fato, gravado, em um terreiro, o que acabou sendo um dos grandes charmes do disco, embora Baden criticasse justamente isso, anos depois, considerando o disco "mal gravado". Enquanto Vinícius murmura as letras quase em tom de súplica, Betty Faria reforça as sílabas finais de cada frase, além do acompanhamento do Quarteto em Cy em quase todas as faixas.
O projeto ficou engavetado e só viu a luz do dia, quatro anos depois, em 1966. Foi quando Vinícius ofereceu o projeto à Roberto Quartin, dono do selo Forma, que produzia discos extremamente sofisticado. Quartin topou de imediato a idéia de lançar Os Afro-sambas.
Gravado entre os dias 3 e 6 de janeiro, Quartin convidou o maestro Guerra Peixe, o grupo vocal Quarteto em Cy e um coral de "músicos amadores" formado por Nelita e Teresa Drummond, Eliana Sabino (filha do escritor Fernando Sabino), Otto Gonçalves Filho e César Proença e uma jovem aspirante a atriz chamada Betty Faria. E é Betty Faria que divide os vocais com Vinícius na imortal "Canto de Ossanha" que abre o disco.
Guerra Peixe optou por dar o disco uma sonoridade mais rústica, como se estivesse sendo, de fato, gravado, em um terreiro, o que acabou sendo um dos grandes charmes do disco, embora Baden criticasse justamente isso, anos depois, considerando o disco "mal gravado". Enquanto Vinícius murmura as letras quase em tom de súplica, Betty Faria reforça as sílabas finais de cada frase, além do acompanhamento do Quarteto em Cy em quase todas as faixas.
Baden era o responsável por climas todas as melodias e até cuidava da percussão. Seu toque inconfundível norteia a bela "Lamento de Exu", que encerra o disco, enquanto Vinícius voa quase solo em "Canto do Caboclo Pedra Preta". Aliás, Vinícius tentou cantar de maneira mais grave, como 'um preto velho", em faixas como "Canto de Xangô". Vale ressalatar "Bocoché", com um clima quase etéreo.
O disco rendeu excelentes críticas e vendagem e solidificou de forma definitiva a carreira de Baden Powell. Após a parceria com Vinícius, Bande deixou de ser um tímido músicos que vivia de pequenas participações na noite carioca para ser um músico mundialmente famoso e indo embora do Brasil definitivamente vivendo por mais de 20 anos na França e cinco na Alemanha.
Apesar de já estar definitivamente inserido como um dos mais importantes discos da música popular brasileira, o comentário de Vinicius de Moraes na contra capa do LP é mais elucidativo do que qualquer outra observação que se queira dar ao trabalho: "Essas antenas que Baden tem ligadas para a Bahia e, em última instância para a África, permitiram-lhe realizar um novo sincretismo: carioquizar dentro do espírito do samba moderno, o candomblé afro brasileiro dando-lhe ao mesmo tempo uma dimensão mais universal (...) nunca os temas negros de candomblé tinham sido tratados com tanta beleza, profundidade e riqueza rítmica ... " Fonte: Beatrix
O disco rendeu excelentes críticas e vendagem e solidificou de forma definitiva a carreira de Baden Powell. Após a parceria com Vinícius, Bande deixou de ser um tímido músicos que vivia de pequenas participações na noite carioca para ser um músico mundialmente famoso e indo embora do Brasil definitivamente vivendo por mais de 20 anos na França e cinco na Alemanha.
Apesar de já estar definitivamente inserido como um dos mais importantes discos da música popular brasileira, o comentário de Vinicius de Moraes na contra capa do LP é mais elucidativo do que qualquer outra observação que se queira dar ao trabalho: "Essas antenas que Baden tem ligadas para a Bahia e, em última instância para a África, permitiram-lhe realizar um novo sincretismo: carioquizar dentro do espírito do samba moderno, o candomblé afro brasileiro dando-lhe ao mesmo tempo uma dimensão mais universal (...) nunca os temas negros de candomblé tinham sido tratados com tanta beleza, profundidade e riqueza rítmica ... " Fonte: Beatrix
Vocais: Vinicius de Moraes, Quarteto em Cy e Coro Misto
Sax tenor: Pedro Luiz de Assis
Sax barítono: Aurino Ferreira
Flauta: Nicolino Cópia
Violão: Baden Powell
Contrabaixo: Jorge Marinho
Bateria: Reisinho
Atabaque: Alfredo Bessa
Atabaque pequeno: Nelson Luiz
Bongô: Alexandre Silva Martins
Pandeiro: Gilson de Freitas
Agogô: Mineirinho
Afoxé: Adyr Jose Raimundo
Produção e direção artística: Roberto Quartin e Wadi Gebara
Técnico de gravação: Ademar Rocha
Contracapa: Vinicius de Moraes
Fotos: Pedro de Moraes
Capa: Goebel Weyne
Arranjos e regência: Maestro Guerra Peixe
A1 Canto de Ossanha - 03:23
A2 Canto de Xangô - 06:28
A3 Bocoché - 02:34
A4 Canto de Iemanjá - 04:47
B1 Tempo de amor - 04:28
B2 Canto do Caboclo Pedra-Preta - 03:39
B3 Tristeza e solidão - 04:35
B4 Lamento de Exu - 02:16
Sinta a essência aqui.
Pra mim Baden é sinônimo de violão. O som que o cara tirava das cordas era incrível, tenho algumas homenagens de artistas como Toquinho(que também não é fraco). Gostei muito do post. Beijo.
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