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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Gene Krupa, "O começo e o fim de todos os bateristas"


Nas primeiras cenas de Pollock (Pollock,2000 de Ed Harris), o próprio Jackson Pollock chapado pergunta a seu irmão: -Quem é o melhor baterista do mundo? e ele mesmo responde: Gene Krupa!

No início da década de 20 o jazz de New Orleans já não era uma exclusividade dos negros, os brancos também começaram a se enveredar, e mesmo sendo considerado menos expressivo, era técnicamente mais acabado.O "jazz branco" da década de 20 ficou conhecido como Dixieland.

Eugene Bertram Kupa (1909-1973) veio a se tornar um dos músicos mais importantes do Jazz Dixieland. Baterista, bandleader e showman, Gene nasceu em Chicago, onde começou sua carreira ainda adolescente. Caçula de nove irmãos, aos onze anos arrumou um emprego limpando janelas em uma loja de instrumentos e partituras chamada Brown Music Company; com o dinheiro recebido resolveu comprar o instrumento mais barato da lista - uma bateria.

Entusiasmou-se com a idéia de tocar bateria e começou a procurar jovens músicos em sua escola e em chás dançantes para tocar com ele. Em breve suas atividades musicais começaram a interferir em sua vida acadêmica, dormindo freqüentemente na classe.
Descobre uma banda de músicos brancos que toca em um teatro na zona sul (South Side) de Chicago, da qual fazia parte um baterista chamado Dave Tough, de quem tornaria-se amigo e seguidor. Tough o leva para ouvir a King Oliver´s Creole Jazz Bandque estava de passagem por Chicago, e o jovem encanta-se com o estilo do baterista negro Baby Dodds, sendo esse seu novo ídolo. Krupa impressionou-se tanto com o estilo de Dodds que passou a dedicar-se quase que integralmente ao estudo do jazz negro. Naquela época músicos negros eram proibidos de tocar com brancos.

Apesar de seu visual de rebelde - cabelos revoltos e mascador de chiclete - Krupa era um músico extremamente disciplinado e estudioso.

Em 1934, o produtor John Hammond convence Krupa a integrar a orquestra de Benny Goodman, que então tinha como arranjador Fletcher Henderson. A transmissão do programa de rádio de Benny Goodman Let´s Dance para todos os EUA através da NBC trouxe rápido reconhecimento do talento de Krupa.

Após desentendimentos que já vinham da época das jam sessions em Chicago - Goodman achava que Krupa exagerava no virtuosismo - deixa a orquestra do bandleader para formar a sua própria, que contava com a presença do trompetista Roy Eldridge e da cantora Anita O´Day. A orquestra foi um sucesso até o ano de 1943, quando Krupa foi preso por posse de maconha e ficou preso por oitenta dias, saindo sob fiança. Volta por um curto período para a orquestra de Benny Goodman, antes de integrar a de Tommy Dorsey. Consegue formar sua orquestra novamente, e tem grande êxito até 1951 quando, influenciado pelo bebop, começa a tocar com formações menores, sendo um dos únicos bandleaders da era do swing a se modernizar.

Com suas técnicas, Gene Krupa tornou-se o grande mestre dos bateristas, ao mesmo tempo ídolo e professor de toda uma geração de músicos. The Gene Krupa Drum Method é o título de seu livro. Em 1941 criou o concurso Gene Krupa Drum Contest.

A seguir, rodou vários filmes em Hollywood, foi preso e condenado supostamente por posse de drogas. Nos anos 50 tocou com todos os grandes músicos da era, o clarinetista Buddy De Franco, o saxofonista Charlie Ventura e o trompetista Red Rodney, entre outros. Mas nunca se ateve a um só estilo, experimentando constantemente com os ritmos e novos elementos na bateria.

Embora fosse o primeiro baterista a tocar um solo no Carnegie Hall, Krupa conhecia os seus limites:

"Eu sempre olhei bem para o público, ao fazer um solo, e quando notava uma certa agitação nas pessoas, sabia que era a hora de parar com o show e dar espaço para o grupo voltar a tocar".

Em 1960, sofre um ataque cardíaco e reduz drasticamente suas aparições, participando esporadicamente de reuniões da orquestra de Tommy Dorsey. Morre em 1973, e apesar de estar sob tratamento para leucemia, sua morte foi atribuída a outro ataque cardíaco. Segundo alguns críticos de jazz, a arte de Kruppa nunca voi superada.

Gene Krupa foi "o começo e o fim de todos os bateristas", disse Buddy Rich em seu túmulo, elogio que vale dobrado, vindo de um colega e concorrente.

(Texto adaptado de EJazz, com inclusões)

Gene Krupa - Drum Boogie

Sinta a essência aqui.

Um comentário:

  1. Sem dúvidas um dos grandes bateristas da história, não só, do jaz... Ainda me lembro que quando tímido visitante da faculdade de música da Uni-Rio levado pelas mãos de um amigão que deixei por lá, vi um cara tocando umas peças da época do Krupa! Ê tempo bom, regado a pitadas fortes de dissonâncias, caixas e pratos... nem sei mais!

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"Cansei da frase polida / por anjos da cara pálida (...) / agora eu quero a pedrada / chuva de pedras palavras / distribuindo pauladas."

Paulo Leminski