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terça-feira, 27 de julho de 2010

A Grande Serpente e os 33 anos do Grupo Imbuaça

Texto: Suyene Correia / Fotos: Vinícius Fontes/Divulgação
matéria publicada no site do Jornal da Cidade

No dia 28 de agosto do corrente ano, o Grupo Imbuaça estará comemorando 33 anos de existência e resistência. São mais de três décadas de luta, sacrifício e dedicação à arte cênica de rua, sobretudo, ainda que alguns de seus 14 espetáculos de repertório tenham sido adaptados para o palco.

Para brindar em grande estilo a passagem de mais um jubileu, o grupo este mês de julho, estará estreando a peça “A Grande Serpente” do dramaturgo potiguar, Racine Santos, sob a direção geral do conterrâneo João Marcelino. Serão apenas duas apresentações no Teatro Tobias Barreto, às 21h, sendo a primeira no dia 27 de julho (para convidados e público em geral) e a segunda, dia 28 de julho (para o público em geral).

João Marcelino, que já dirigiu o Imbuaça em “A Farsa dos Opostos” (1992), “Chico Rei” (1995), “Auto da Barca do Inferno” (1997) e “Senhor dos Labirintos” (1999), volta a ocupar o posto de diretor do grupo, após uma década, além de ser responsável pela concepção do figurino e cenários.

Em “A Grande Serpente”, a história se passa em meio à caatinga, num povoado isolado, a partir do momento em que a seca começa a castigar os habitantes do local, por conta do inexplicável esvaziamento da fonte provedora de água.

O coronel do lugarejo, Arão, procura explicação para o problema. Ele é alertado pela louca, Joana, que ele próprio, sem saber, é o causador da desgraça que se abate sobre o lugar. Tudo isso parece estar ligado ao seu casamento com Tamar, envolto em tons trágicos edipianos.

“A ação toda da peça, o tempo inteiro, reforça onde aquelas figuras estão localizadas. Estão no meio de uma caatinga, um local intransponível onde ninguém consegue entrar e nem sair.

Naturalmente, que interpretamos isso como uma grande metáfora. Que universo é esse? Que poço é esse que seca? E para que ele torne a estar cheio, ele depende de uma única coisa: que o trágico daquela família seja resolvido. No momento em que a verdade é revelada, a cidade volta a ter paz, o poço enche, ‘a grande serpente’ desaparece. Enfim, o espetáculo funciona como uma alegoria bem interessante”, explica João Marcelino, que recebe um suporte na direção do ator Lindolfo Amaral.

O diretor, inclusive, iniciou uma relação profissional com o grupo Imbuaça, na época em que foi montada “As Irmãs Tenebrosas”. Foi no final dos anos 80, quando o diretor Marcelo Souza convidou-o para trabalhar na montagem desta peça, que João Marcelino conheceu de perto os atores Mariano, Rivaldino, Carlos Maria das Dores, Isabel Santos, Antônio Campos, Antônio Augusto, Lindolfo Amaral e Valdice Teles.

“Por conta de um imprevisto, o Marcelo Souza não dirigiu este trabalho, mas fui convidado para compor o figurino. Já tinha assistido apresentações do grupo em Natal e Campina Grande, mas a gente não tinha cruzado os caminhos de forma mais próxima. A partir desse trabalho bem sucedido, fui convidado, então, para dirigir um espetáculo. O primeiro foi “A Farsa dos Opostos”, diz.

A experiência foi um divisor de águas na história do grupo, sobretudo, sob o ponto de vista estético. A parceria deu tão certo, que João Marcelino dirigiria mais três grandes espetáculos, tendo como ápice “Senhor dos Labirintos”.

“Experimentei peças de vários estilos com o grupo sergipano: espetáculos de rua, sobre tablado, campais... ‘Senhor dos Labirintos’ foi um grande espetáculo, mas que poderia ter sido mais bem maturado. Acredito que esse tempo de maturação, de ajuste, conseguimos ter agora com ‘A Grande Serpente’”, explica João Marcelino.

Desde o mês de janeiro que os atores vêm se preparando para a montagem desse texto de Racine Santos. Os ensaios seguiram quase que diariamente com uma pausa em fevereiro/março e retorno das atividades em abril. Parte desse trabalho aconteceu sob a supervisão de João Marcelino. Na sua ausência, Lindolfo Amaral foi incumbido de coordenar o grupo.

Contando com o patrocínio da Secom do Estado, através do Fundo Estadual de Patrocínio para Projetos Sócio-culturais e de Comunicação Social e com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e Sebrae “A Grande Serpente” tem elenco formado por Isabel Santos, Iradilson Bispo, Manoel Cerqueira, Luciano Lima, Rita Maia, Rosi Moura, Késsia Mecya, Talita Calixto e Carlos Wilker. A iluminação será assinada por Denys Leão e a trilha ficará a cargo de Eduardo Pinheiro e João Marcelino. O projeto gráfico ficou a cargo de Mingau e as fotos Vinícius Fontes.

Concepção das máscaras Iradilson Bispo; preparador vocal, Pablo Macedo e operação de som, Rogers Nascimento.

Trajetória do Imbuaça

A perseverança parece ser a marca do Grupo Imbuaça que nasceu com o nome de “Aspectrus”, em 1977, fruto de uma oficina de teatro promovida pela Secretaria de Educação e Cultura. O nome logo mudaria para Imbuaça, em homenagem ao embolador, Mané Imbuaça, visitante ilustre dos ensaios do grupo de teatro, morto misteriosamente na Praia de Atalaia.

Sempre tendo como elemento fundamental para a construção da dramaturgia, a literatura de cordel, a primeira peça encenada pelo grupo foi “O Matuto com Balaio de Maxixe”, uma adaptação de Antônio Amaral. A partir daí, cerca de 30 espetáculos já foram montados pelo grupo que, atualmente, apresenta como atores fixos, Lindolfo Amaral, Isabel Santos, Iradilson Bispo, Manoel Cerqueira, Luciano Lima, Rita Maia, Rosi Moura, Kessia Mecya, Talita Calixto e Carlos Wilker.

“Completar 33 anos de atividades ininterruptas com teatro de rua, num país como o nosso, é um ato de resistência. Somos uma referência nacional desse tipo de representação cênica, assim como é o pioneiro Teatro Livre da Bahia, fundado em 1968 e extinto em 1980. No entanto, continuamos nossa jornada e influenciamos o surgimento de grupos em outros Estados, a exemplo do Alegria, Alegria de Natal, Quem Tem Boca Pra Gritar de Campina Grande e Joana Gajuru de Maceió”, explica Amaral.

Inicialmente, com peças voltadas para a rua, o Imbuaça foi criando adaptações para espaços fechados e deu certo também. “Teatro Chamado Cordel” (1979) e “A Farsa dos Opostos” (1992) foram os dois espetáculos até hoje mais requisitados para apresentações. Já “Senhor dos Labirintos” (1998) que retrata a história de Arthur Bispo do Rosário, mostrando como binômio loucura e criação caminham juntos, foi um dos grandes sucessos na carreira do Imbuaça, sendo respaldado tanto pelo público como pela crítica.

A última grande montagem do grupo foi o espetáculo “Desvalidos” baseado no livro homônimo de Francisco Dantas, que recebeu o patrocínio da Petrobras. Encenado uma série de vezes, desde que estreou em junho de 2004, a peça foi dirigida por Rodolfo García Vazquez e teve como diretor de arte Fábio Namatame. Com trilha sonora idealizada por Joésia Ramos, Desvalidos na visão de Lindolfo Amaral foi uma boa adaptação do livro de Chico Dantas.

No ano passado, o grupo encenou “O Mundo Tá Virado, Tá no Vai ou Não Vai. Uma Banda Pendurada, a Outra em Breve Cai” onde a cultura popular contemporânea é o foco principal. A encenação orienta-se na forma tradicional e ingênua do teatro de rua, enfatizando sobremaneira o trabalho de ator e sua capacidade de prender o público que passa.

O texto adaptado por Iradilson Bispo, que também assinou a direção, figurino e trilha sonora, é simples e de fácil comunicação, reunindo fragmentos da literatura de cordel, alinhavados pela música e pela dança folclórica. Desta forma, o Imbuaça segue a sua pesquisa de linguagem em torno do personagem-tipo, mergulhando também no vasto universo da Cultura Contemporânea.

Um comentário:

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"Cansei da frase polida / por anjos da cara pálida (...) / agora eu quero a pedrada / chuva de pedras palavras / distribuindo pauladas."

Paulo Leminski