A Praça São Francisco em São Cristóvão (SE), é o mais novo patrimônio cultural da humanidade. A decisão foi anunciada na tarde deste domingo,1º, em Brasília, onde se reúne o Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). São Cristóvão,
fundada em 1590, é a quarta cidade mais antiga do Brasil. Logo depois de ter sido informado da decisão da Unesco pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira, o governador Marcelo Déda, que estava em Sergipe, recebeu um segundo telefonema, desta vez do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Foi uma vitória do Brasil”, disse Lula. Para o presidente, o título é importante para Sergipe e para a preservação do patrimônio histórico do Brasil. Para Déda, foi uma “grande vitória da cultura de Sergipe e para a história do Brasil”. Além do agradecimento especial ao presidente da República, o governador destacou a atuação do ministro da Cultura, Juca Ferreira, e do presidente do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Luiz Fernando de Almeida.
São Cristóvão
De acordo com o governador, “a concessão do título pela Unesco ajuda a preservar este tesouro, fortalece o turismo cultural e eleva a autoestima do povo sergipano. A decisão de hoje confirma São Cristóvão como berço de Sergipe e patrimônio da humanidade. O Governo de Sergipe, que já vinha investindo na preservação do patrimônio de São Cristóvão, assumirá sua responsabilidade de buscar parcerias com o governo federal e incentivar novos investimentos”. Ainda de acordo com o governador, estes investimentos “não devem se resumir à questão patrimonial, mas devem alcançar políticas públicas que melhorem a qualidade da vida do povo sãocristovense. Até porque este povo é proprietário e guardião deste tesouro. Mais investimentos em saneamento, em infraestrutura, que façam com que a vitória se transforme em ganhos de qualidade para toda a população”.
Brasil: 18º patrimônio
A praça era a única inscrição brasileira nesta 34º sessão anual do Comitê. O Brasil, agora, tem 18 patrimônios da humanidade na lista da Unesco. O centro histórico da cidade de Goiás (GO) foi a última inscrição brasileira aceita pela organização, na sessão de 2001. Patrocinada pelo governo brasileiro, a candidatura da Praça São Francisco teve o apoio do Governo de Sergipe, que atendeu as principais exigências da Unesco, sobretudo a restauração e a preservação do patrimônio arquitetônico. O Governo do Estado providenciou, ainda, a elaboração de Plano Diretor (junto com a prefeitura) e uma nova iluminação, além da recuperação do acesso rodoviário. Presente ao Congresso da Unesco, o secretário de Estado da Casa Civil, Oliveira Júnior, comemorou a obtenção do título de Patrimônio da Humanidade. “O mundo reconhece o valor histórico da Praça e do seu entorno, construções do século XVII que testemunham a influência da colonização espanhola no Brasil. A Unesco endossa a relevância histórica das edificações da cidade de São Cristóvão, mas ao mesmo tempo nos alerta para a nossa responsabilidade de conservar esse patrimônio e apresentá-lo da melhor forma aos turistas de hoje, mas com o cuidado de conservá-lo para as futuras gerações”, enfatizou. Também presente ao Congresso, a secretária de Estado da Cultura, Eloísa Galdino, lembrou os esforços enviados pelo Governo do Estado na conquista da candidatura. “A cultura sergipana tem passado por enormes conquistas. Prova disso, é a nossa vitória na candidatura da Praça. Mobilizamos a população, fizemos uma verdadeira frente de campanha e agora é Sergipe que tem a ganhar. Eleita, a Praça São Francisco torna-se o 18º patrimônio brasileiro a receber a chancela de patrimônio mundial. Essa é mais uma prova de que a cultura de Sergipe está definitivamente na cena internacional”, afirmou.
Influência espanhola
O Governo de Sergipe investiu também na pesquisa histórica dos monumentos. “Na proposta de inscrição que apresentamos junto à Unesco estão incluídos registros históricos inéditos, recolhidos no Arquivo Histórico de Simancas, na Espanha, onde se comprova a relação entre a Espanha [durante o reinado de Felipe II (1580-1640)] e a Capitania de São Cristóvão, num documento de 1605”, descreveu o governador. O conjunto arquitetônico de São Cristóvão, implantado no início do século XVII, é constituído de edificações públicas, religiosas e privadas. Hoje, abriga, entre outros, o Museu Histórico de Sergipe (antigo palácio provincial), o Museu de Arte Sacra de São Cristóvão (antigo convento de São Francisco) e a Santa Casa de Misericórdia, além de igrejas de ordens religiosas, sobrados e becos.
O site da campanha da Praça: http://pracasaofrancisco.se.gov.br